10 janeiro, 2013

Pena

Guardo dentro de mim uma borracha. De tempos em tempos sinto um desejo de apagar aquilo que fui, aquilo que fiz. É automático apagar tudo aquilo que me lembra eu mesma. É complicado isso [...] Quando só queríamos ter feito diferente, ou nem ter feito. Apago tudo e, na verdade, não apago nada. Sempre me esqueço que sou movida a tinta. 


08 janeiro, 2013

Crônicas

Num ponto de ônibus, uma mulher falava da família de 10 irmãos unidos. Da vida inteira acompanhada. Do carinho de um com outro. De sua amiga, Dona Maria, que perdera há um tempo. Dos netos. Dos que se foram. Da saudade. Dizia de todas as perdas que já viveu. Das dores que enfrentou. Do desejo de não tê-la que viver outra vez. Minha mãe, sábia, disse: Antes viver a dor de perder um amor que a dor de nunca ter-lhe possuído.

[...]

Não tenha pena dos mortos, Harry. Tenha pena dos vivos. Especialmente dos que vivem sem amor. (Alvo Dumbledore)

07 janeiro, 2013

Do verbo amar

O amor [...] além do tempo e espaço. Incompreensível. Incontestável. Paciente. Bondoso. Humilde. Às vezes um mistério inatingível. Outras, algo extremamente simples. Provado no fogo como a prata e o ouro. Firme como rocha, base de toda edificação. Usamos tal palavra designando algo para nós incompreensível. Sendo possível apenas sentir e reconhecer. Não se mede. Único. Quando presente ocupa todo o espaço, não cedendo o lugar a mais nada. Presença, mesmo na ausência. Memória Guardada. Doação e renúncia. Doloroso. Doce. Percebi que o que guardo é verdadeiro. Enraizado em mim já não pode abandonar-me. Sua presença alivia todo fardo, fortifica o braço já cansado, anima e dá brilho aos olhos. Sentido à vida. Não carrego o amor, é ele que, tomando-me, me carrega. Sinceramente, me orgulho por poder dizer que amei (e amo!) tão intensamente. O amor, ao mesmo tempo, nos prende e nos faz livres. Nos fere e nos cura. Nos queima e nos alivia [...]. Jamais compreenderei o amor. Jamais compreenderei como porto apenas a metade do que sinto ser um. 

02 janeiro, 2013

Feito voar

Quando perguntamos a tantos, homens e mulheres, idosos e crianças, qual poder gostariam de ter, a resposta mais comum é: voar. E se eu lhes dissesse que poderiam?!
Voar acima do que olho algum presenciou, ouvido algum ouviu ou coração humano jamais sonhou (I Cor 2:9) [...]

Tenho pensado tanto em todas as delícias que provei após descobrir como voar. E depois de assumir minhas asas, pude chegar onde absolutamente nada me atingiria. Onde eu viveria somente de amor. Onde eu viveria somente para amar. Já não vivo das fantasiosas possibilidades, mas da intensa realidade vivida por todos aqueles que tiveram a coragem de alçar voo, despojarem-se de tudo, serem livres. Somente esses alcançam o mais alto do céu. Do Céu.



 'Minhas asas são Teus braços abertos na Cruz.'
(Sublime Silêncio, Toca de Assis)