14 maio, 2015

Do fim

          Imagino a Jerusalém Celeste, pura e sem manchas. Todos imaculados, de semblante sereno e vitorioso, como quem de nada deve descansar.
          Descendo até a terra, triunfante, é uma só noiva, mas são inúmeras as almas desposadas. São todas um só corpo porque em nada se diferem, porque um só é seu desejo.
          E assim se faz: são todas de Deus, e só de Deus; completamente entregues e tão unidas que em nada se separam, pois já não pensam em si, mas no Amado.
          Aquele que a criou soube bem trabalhar, pois todos são, ao mesmo tempo, portas e janelas, lustres e escadas, são muralhas fortes e frágeis pétalas do seu jardim. Todos são tudo, pois já nada são para si, mas em tudo estão para o agrado d'Aquele que ali habita. São pedras brutas lapidadas e perolas finas em adorno. Delas nada vemos, pois aniquilaram-se para dar lugar Àquele que é todo inteiro em tudo e todos.