05 outubro, 2014

Desses tempos

     Autoconhecimento, abaixar-se, morrer, desestruturação [...] é tudo isso de uma vez só e tão condensado que nem dá pra perceber a diferença de um e outro. É tudo flor que nasce no mesmo caminho: o do Céu (tão belo). E todas elas, se cuidadas e colhidas, dão um lindo ramalhete com o qual presenteamos Nosso Senhor.
     É um constante descobrir-me. Descobrir-me mulher, filha de Deus, esposa, mãe, irmã, amiga... Descobrir-me tantas coisas ainda que pareça um nada. É cegar meus olhos para ver com o olhar do Pai, do meu Papai que sempre me enxerga como pequena criança, tão fraca e tão necessitada de amor. É permitir-se viver aquilo que Teresinha sempre dizia: do abandono, da infância, da pequenez. É deixar de ser teoria para fazermos concreto tudo que acreditamos conter plenitude. 
     Não há lugar melhor que o Coração dAquele que nos criou para nos encontrarmos. E não há lugar melhor do que o nosso coração para O encontrar. De todas as criaturas, somos seus prediletos. Ele nos fez e, então, tudo se tornou muito bom. Ele nos contemplou e, então, descansou. Somos o descanso de Deus, Sua hospedaria, onde repousa silencioso o Amor. De tudo o que aprendi, apenas uma coisa me é realmente necessária: a eternidade. E comparado a ela, tudo aqui é nada. 

"Sofro, vivo e morro ao mesmo tempo, mas não trocaria minha vida por nada nesse mundo. Desejaria voar, gritar para que todos me ouvissem: amai só a Jesus!" (minha poverella Gemma) 

+ coelvm svmvs 

09 fevereiro, 2014

Do meu tesouro

     Hoje em casa recebemos visita de algumas pessoas da família. Sempre que isso acontece, fico atenta para aproveitar ao máximo tudo o que acontece. E, em todas as vezes, é como se Nosso Senhor visitasse a minha alma. 
     O assunto sempre cai no tempo da fazenda, da vida dura, do trabalho intenso, mas, ao contrário do que vemos hoje, sempre com frases do tipo "esse tempo era muito bom" ou "hoje em dia as pessoas não vivem mais isso" [...] Confesso que me dá um certo pesar de não ter as mesmas experiências que eles quanto à vida. Falavam com sabedoria sobre andar descalço e pisar na terra, saber se vai chover ou por que falta água. As mulheres compartilhando receitas e os homens falando de trabalhos pra facilitar a vida. 
     Reparei que antigamente todos eram artistas natos. Faziam do mais simples o mais bonito. Usavam o sofrimento como oportunidades de dar sorrisos de presente. Sentiam-se bem ocupando-se dos outros. Sabiam em que época daria tal fruta e como fazer pro "pé" render mais. 
     Certo momento, falando do calor, relembraram uns versos antigos que cantavam quando a família se reunia pra rezar. Servia pra curar doenças até pra acabar com guerras. De forma especial falávamos sobre fazer chover. Então me ensinaram a melodia e foi dito e feito! Choveu [...] na minha alma, tantas graças de Deus que até meus olhos choveram. 
     Definitivamente, tenho um tesouro riquíssimo e tão raro [...]


'Viva Maria
Viva o Rosário
E viva Jesus Cristo
Sacramentado.'  

30 janeiro, 2014

Da misericórdia

Estive pensando um pouco nas nossas misérias. De repente, já meus pensamentos estavam na misericórdia. 
É tão curioso perceber que são duas coisas tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão complementares. Como nós e Deus.
Um abismo e outro (Sl 41). 
Quando nos percebemos afogados em misérias, há sim a dor e a tristeza e sim, sempre haverão. Mas é um pequeno caminho que nos leva até a nossa essência de 'dependentes de Deus'!
E como é bom encontrarmos nossa essência nas imperfeições, desta forma, sendo sempre imperfeitos, não perderemos de vista jamais O Perfeito que é Jesus. Desta forma caminharemos sempre com alegria rumo ao altar de Jesus onde, sem reservas, devemos entregar nossas intermináveis falhas. Como chagas. Como cristãos, como imitadores de Jesus. Ofereçamos as nossas feridas pelas almas, pela Igreja, pelos sacerdotes, pelos pecadores, por nós! 
Nós somos de Deus! E Ele é nosso! O que mais desejaríamos se, ainda imperfeitos, somos propriedade do Céu? O que mais deve nos trazer alegria perfeita senão sermos filhos de Deus?!

Observemos que, quanto mais rios se deságuam, maior é o mar! Quanto mais abandonarmos nossas misérias no mar da misericórdia de Deus, maior ele será!
Ele nos deseja! Se O desejamos, entreguemo-nos a Ele como somos! Do mais... Ele cuidará.

'Que a vossa alma encontre alegria na misericórdia do Senhor.' (Eclo 51, 29)

14 janeiro, 2014

Do mar do mundo

     É um excessivo falar de amor e um escasso amar. É um excessivo falar de paz e um escasso suportar. É demasiado julgar e muito pouco curar.  É pessoas demais tentando ensinar e quase ninguém tentando praticar. É um jogo hipócrita de saber teorias enquanto a vida é prática. Um exagerado querer se sobressair só pra, no fundo no fundo, não se afogar outra vez. É um orgulhoso não-querer confessar que não sabe nadar nesse mar agitado do cotidiano da gente. E, enquanto isso, quem pede ajuda tem companhia, tem outro coração, outra alma, tem mais pra dividir. Tem 'outro umbigo' pra olhar. Enquanto isso quem busca aprender, silenciosamente avança. Quem suporta, silenciosamente conquista. Quem cala, prontamente ama.