20 dezembro, 2013

Do vazio

     E, então, percebo que há algo errado em mim. Ando muito e não caminho nada. Falo muito e não digo nada. Ouço muito e não escuto nada. Vejo muito e não enxergo nada. 
     Me deu vontade da noite, do frio, da solidão, da contra-mão. Deu vontade das poucas palavras, de tudo de dentro, do nada de mim. E foi assim [...] era um vazio danado, teimoso, por nada arreda o pé. De insistente me deixou triste, até. Olha pra ver! Até que eu ouvi como o pulsar de um outro coração que não o meu. E era o Teu, enchendo minha alma de vida. 
     Permaneço no frio, na noite, na solidão, na contra-mão. Com poucas palavras, com tudo de dentro, com nada em mim. Mas agora é eu e Você. É tudo de Ti. É nada de mim. 

16 dezembro, 2013

Dele

     Nos detalhes desse tempo, um tanto perdida, tantas vezes me encontrava por aí, com o pensamento longe de mim. Me pegava pensando em coisas maiores que eu. E, então, quando percebi já nem me pertencia mais. Já estava tomada de um sentimento de alegria que ardia em mim. Ansiosa por não mais me pertencer, fechava os olhos, na esperança de ir mais longe por alguns segundos.
     Das coisas que Ele me deu a perceber a mais preciosa delas foi o amor. Tão escondido que quase o não pude notar, se bem que o sentia por perto. Ele me mostrava onde se escondia e quando O encontrava meu peito ardia feito algo vivo dentro de mim que morria e, ao mesmo tempo, nunca vivia tanto. Sentia que minhas forças já não eram minhas; que a minha leveza era extrema e que o que me prendia a esta terra era minha carne que já não fazia tanta diferença nesses momentos. Mas a alma voava, feito um passarinho, pra perto do céu.
    Deu-me a perceber o quanto era doído desprender-me de minhas penas; de minhas penas. Deu-me a ver que sem elas já não mais voaria para onde queria, porém Ele me daria novas asas que me levariam a lugares por mim ainda não desbravados. Tirava-me das pequenas poças para fazer-me banhar em seus rios. Fez-me perceber que o que eu pensava ser Ele era, na verdade, uma ilusão. Que quando eu quisesse O encontrar outra vez não seria fora, mas em meu pequeno peito inquieto de saudade. Saudade de voar outra vez com Ele; de cantar cantos jamais ouvidos compostos por Sua infinita bondade. E, ao ensinar-me tanto, em mim queimava um desejo de ir mais alto e, ao mesmo tempo, ficar ali. E, oscilando entre o ir e vir, vi-me, então, voando. Vi-me então, quieta. Ambos dentro dEle. Ambos completamente fora de mim. 

14 dezembro, 2013

de novo

     E dentro em mim é como se o conhecesse. Mas, então, vens. Recomeça esse interminável procurar. Faz mais uma vez minha alma se cansar na procura de teus perfumes...

     E já não é a primeira vez que saio à procura de ti. E não é a primeira vez que me deixas enferma pela ausência; pela presença de um vazio na alma; me custa calma; me custa tempo; me custa vida. Logo dou-me, então, rendida. Se teus olhos vejo, logo adormeço. Percebo então que já não suporta mais, o meu pequeno coração, a grandeza do teu parecer. Do teu reaparecer; do teu ser. Então vejo-me morrendo. Vejo-me vivendo; ardendo. E de que outra forma, senão, aspirando nosso encontro?

    Então te vais... e sem perceber logo me vejo desassossegada outra vez. Logo vejo tudo de novo. Logo vejo tudo de novo.